O ZOOLÓGICO NA COZINHA
Por J. A. Dias Lopes
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O cardápio mais exótico do mundo pode ter sido o do restaurante Voisin, de Paris, no Natal de 1870. Sua cozinha, que funcionou de 1850 a 1930, preparou para a clientela elegante, entre outros pratos “apetitosos”, consommé de elefante, civet de canguru, pernil de lobo e terrine de antílope com trufas. Na época, a capital francesa estava cercada pelas tropas alemãs, na guerra de Bismarck contra Napoleão III, e a população local ficou sem carne para comer.
Ao mesmo tempo, no Jardin d’Acclimation, onde ainda funciona o Zoológico de Paris, faltavam alimentos para os animais. Então, seus administradores acharam melhor vendê-los. O comprador foi o açougueiro Deboos, do Boulevard Haussmann. Ele abateu os animais e parte da carne foi parar no fogão e forno do Voisin, que pagou preço alto. Mas a procura se revelou grande e as vendas compensaram.
Os pratos estavam harmonizados com grandes vinhos de Bordeaux, região de origem do restaurateur Braquessac, dono do Voisin. A casa histórica teve como frequentadores os escritores Alphonse Daudet, Émile Zola e o príncipe de Gales, futuro Edward VII. Conta-se que comida que o zoológico proporcionou estava ótima. Nem precisava tanto. Como diz o provérbio português, “a fome é a melhor cozinheira”.
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