NA COZINHA COM SOPHIA
Por J. A. Dias Lopes
©2014 J. A. Dias Lopes – Todos os
direitos reservados – Proibida a reprodução total ou parcial
Sophia Loren, nome artístico de Sofia Villani Scicolone, trocou o “f” pelo “ph” para os americanos não a chamarem de “Sofaia”.
Bonita, segura e talentosa, a atriz italiana Sophia Loren festejou 80 anos de idade no último dia 20 de setembro, recebendo homenagens no mundo inteiro. Obviamente, não é mais a sex symbol de anos atrás – em 1991, a revista americana People a apontou como uma das cinquenta mulheres mais belas do mundo. Mas continua encarnando a exuberância da mulher latina. “Tutto ciò che vedete, lo devo agli spaghetti”, declarou ela há algum tempo. Tradução livre: “Tudo o que você vê (no meu corpo) devo ao spaghetti”. A frase foi reproduzida em calendários, pôsteres e até em paredes de restaurantes. Sophia sempre teve uma relação sensual com a comida, sobretudo a de Nápoles, cidade onde passou a infância e adolescência e de cuja cozinha solar o spaghetti é porta-bandeira.
Ela nasceu em Roma a 20 de setembro de 1934. Ainda na infância, transferiu-se
com a mãe e a avó para Pozzuoli, comuna da província de Nápoles. Cresceu ali ao
lado da irmã Anna Maria, quatro anos mais nova, e da nonna (avó) Luísa. A mãe,
Romilda Villani, também muito bonita, adorava o cinema e, na juventude, venceu
um concurso que escolheu a melhor sósia de Greta Garbo. O prêmio foi trabalhar
em Hollywood. Infelizmente, não realizou o sonho. Apaixonada pelo mulherengo
Riccardo Scicolone, um homem casado, de quem engravidou duas vezes, ficou em
Roma. Entretanto, como não suportasse os mexericos da vizinhança, refugiou-se
em Pozzuoli. Ali viveu um longo período de pobreza com as filhas Sophia e Anna
Maria, sofrendo a consequências devastadoras da Segunda Guerra Mundial. O pai
reconheceu oficialmente Sophia quando ela ainda era criança. Mas só fez o mesmo
com Maria, obrigado por um processo judicial. A futura grande estrela, em
início de carreira, usando os primeiros cachês, pagou as custas da ação e os honorários
do advogado.
O fato é que Sophia, a sofrida Cesira do filme La Ciociara (Duas Mulheres), dirigido por
Vittorio De Sica, com o qual ganhou o Oscar de melhor atriz em 1961,
primeiro conferido a uma fita não falada em inglês, é uma autêntica napolitana.
Avalizam essa condição o tipo de beleza, a alegria de viver e a preferência à
mesa. Sophia Loren, nome artístico de Sofia Villani Scicolone – que
trocou o “f” pelo “ph” para os americanos não a chamarem de “Sofaia” – sempre
se interessou pela culinária. A mãe também sabia cozinhar. Entretanto, em
Pozzuoli, enquanto zelava pela educação das filhas, entregava à nonna Luísa a
regência das panelas. “Ela era um gênio do fogão, mesmo sendo uma mulher
simples e trabalhando com ingredientes elementares”, recorda a neta famosa, que
escreveu dois livros de culinária. O primeiro saiu na Itália em 1971 e se
intitula In cucina con amore (Na cozinha com amor). O outro
é de 1998 e foi lançado em inglês, sob encomenda de um editor norte-americano.
Chama-se Sophia Loren’s
recipes and memories (Receitas
e recordações de Sophia Loren). No país natal da famosa atriz, batizaram-no
de Ricette e ricordi (Receitas e recordações). Virou
best-seller e, além de ser considerado “mais rico”, a crítica Natália Aspesi,
do jornal romano La Reppublica,
qualificou-o de “autobiografia culinária”. In
Cucina con Amore apresenta
algumas receitas com origem declarada. A autora saboreou spaghetti com louro,
por exemplo, na casa de um amigo, logo após receber o Oscar de 1961. “Em vez de
me oferecer uma coroa de louros, ele disse que preferia fazer eu experimentar o
sabor do molho”, conta Sophia.
“Tutto ciò che vedete, lo devo agli spaghetti”, declarou Sophia Loren há algum tempo. Tradução livre: “Tudo o que você vê (no meu corpo) devo ao spaghetti”.
Outra receita da sua vida é o spaghetti alle
vongole (spaghetti ao vôngole), que igualmente pode ser feito com vermicelli,
ícone da cozinha napolitana. O molho leva o saboroso molusco, alho e tomate
pelado. Em comemoração ao aniversário de 80 anos, Sophia lançou um livro de
memórias: Ieri, oggi,
domani. La mia vita (Ontem,
Hoje e Amanhã. A Minha Vida), escrito na primeira pessoa, editado em Roma
pela Rizzoli e lançado no Brasil em tradução da Record, do Rio de Janeiro. “É
minha história sem filtros”, explicou.
Uma antiga confissão da grande atriz é tratar as pessoas mais íntimas pelo nome
de comidas ou ingredientes. Chamava o marido Carlo Ponti (1912-2007), que aliás
tinha o corpo roliço, de Involtino, um rolinho de carne ou verdura. “Manias de
cozinheira”, esclareceu. Sophia fez outra declaração nos festejos do seu
aniversário, em setembro. Declarou que até hoje cozinha com amor
Nenhum comentário:
Postar um comentário